E assim Recife termina mais 3 meses de período eleitoral em
sua história. Com pitadas de emoções, amadurecimento e exaltação política. E
com certeza uma pitada merece ser comentada. Pela primeira vez na história, um
dos vereadores mais votados na cidade não foi eleito. Edilson Silva, 3º nome
mais repetido nas urnas, não terá mandato, pois sua coligação não atingiu o coeficiente
eleitoral. É de se pensar profundamente, sobre como se dá a política
institucional e os representantes da população nas câmaras Brasil afora.
É preciso de imediato amadurecer o debate sobre reforma
política nos seios populares. A peleja eleitoral precisa ser dada de forma mais
politizada, propositiva e precisa ser extinto o personalismo. A escolha da
população através da associação entre um nome e um número é pequena demais pra
demonstrar o que está por trás desse ato. É simples, o amigo do vizinho nem
sempre acha q educação pública é prioridade, ou que a homofobia deve acabar no
Recife e no Brasil. Isso falando bem pragmaticamente. Quando nos debruçamos
sobre a atuação de cada vereador, nos entristece o quanto este está distante
dos seus representados.
Talvez, se fale na cidade impressionada com o acontecido com
Edilson, que é preciso extinguir o coeficiente eleitoral. Eu entro num debate
mais profundo. A eleição como está, está equivocada sim, mas o caminho da
mudança é ao contrário. É preciso que o voto seja em lista, e não mais no
candidato. Nessa simples e complexa mudança, valoriza-se o projeto representado
pela “chapa” votada, o que ela pensa da cidade e em quais serão suas
prioridades de mandato. Eleito, o vereador será pautado pela política que foi
votada, e não ao contrário.
Essa mistura de voto em nome com coligação proporcional
estabelecida favorece os partidos com candidatos com maior poder econômico e
eleitoral. Pouco reflete qualidade política. Mas se dermos a vitória da reforma
política ao personalismo, talvez consertemos histórias como a de Edilson, mas
pouco faremos contra o poderio econômico exercido nesta democracia. Talvez, com
o voto em lista, o financiamento público de campanha, entre outras medidas,
possamos aprofundar as discussões relevantes no país durante os 3 meses das
próximas eleições e eleger, não somente candidatos como Edilson, mas também
tantos outros qualificados que ficaram de fora das tantas câmaras legislativas
municipais pelo Brasil afora.
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