Dia 30 de maio de 2012. Exatamente
neste dia, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa básica de
juros, também chamada de taxa Selic, a qual está atrelada aos títulos públicos,
para o patamar histórico de 8,5% ao ano. Desde a implementação da atual
política monetária, em 1999, essa marca se apresenta como a menor taxa
registrada. Um verdadeiro recorde.
Vagueando um pouco, observamos um trabalho
árduo e bem executado do governo de Dilma Roussef em manter o país na rota de
crescimento, o que confirma a posição influente do Brasil no cenário econômico
internacional e o fazendo seguir como um dos três países que mais distribui
renda. Foram oito anos de notório crescimento econômico e de significativa
distribuição de renda efetuados pelo governo Lula, labuto áspero, não sem
erros, porém com resultados positivos, os quais a presidenta Dilma decidiu por
dar continuidade e até multiplicar.
Inicialmente, quando Dilma Roussef
tomou posse em 1° de janeiro de 2011, as atenções do governo federal estavam
voltadas, no campo econômico, à eminente escalada da inflação, a qual atingiu a
marca de 5,91% no ano de 2010, a maior do segundo mandato de Lula. Baseada em
seu slogan de “país rico é país sem pobreza”, a presidenta tomou as rédeas da
economia, procurou sim acometer um corte de gastos, não da forma ortodoxa
defendida pela oposição, com austeridade fiscal e nenhuma preocupação com as
condições sociais, mas sim com uma política assistencialista pragmática e uma
contínua promoção do desenvolvimento, através do fortalecimento do Programa
Bolsa-Família e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Noto ainda que a contínua promoção
de desenvolvimento passa, necessariamente, por uma disponibilização de crédito
no mercado. Entretanto, a economia brasileira sofria com uma subida gradual da
inflação, atingindo 6,5% no ano de 2011. O câmbio também enfrentava problemas
com a valorização exacerbada do real perante o dólar, este custando perto da
casa dos R$ 1,60 no começo do ano corrente. Problemas inerentes a um país que
melhora seus índices sociais e econômicos, além de transitar no limbo existente
entre os subdesenvolvidos e os desenvolvidos. Ora, o que acarreta a
disponibilização maciça de crédito em um mercado inflado? “É loucura!” – diz a
ortodoxa oposição política brasileira.
Há de se compadecer com a falta de
perspicácia quanto ao momento da economia mundial. Grécia, Portugal, Espanha,
Itália... Os países europeus, como em efeito dominó, foram estourando suas
bolhas de mercado. Momento de implantar novamente o regime de austeridade
fiscal aplicado no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso? “Não!” –
foi a resposta de Dilma. Não, porque o Brasil necessita de crédito no mercado
para que haja investimento, gerando mais empregos, e o BNDES foi fortalecido
nos últimos dez anos para isso. Não, porque, para que os investidores,
principalmente os pequenos e médios, tenham condição de arcar com pagamento dos
financiamentos, necessita-se de juros mais baixos, relativos à taxa básica ou
ao spread bancário, ambos fortemente
combatidos nesse período de quase um ano e meio de governo da presidenta Dilma
Roussef. Não, porque simplesmente devemos ampliar nossas visões e ir além de
uma política econômica ortodoxa, que preza excessivamente pelo corte de gastos,
mas esquece da real função de um Estado, qual seja promover o bem-estar social.
Não à toa, o Brasil está próximo do topo do ranking entre os países que mais
distribuem renda, ficando claro pelas pesquisas que apontam para, entre 2003 a
2009, a renda média dos brasileiros mais pobres ter aumentado 7,66% ao ano, enquanto
a dos mais ricos cresceu 3,43% anual (Fonte: Portal R7).
É nesse sentido que observo cada
medida da corajosa presidenta Dilma Roussef. Não escondo a necessidade de ainda
haver muito a ser feito, seja no âmbito social, em que se deve continuar a retirada
da situação de miséria em que milhões de brasileiros vivem, seja no âmbito
econômico, no qual não se pode ignorar uma eminente desindustrialização do
país. Contudo, verifico a capacidade de nossa governante e de sua base em
superar tais obstáculos, pois as medidas até agora tomadas são de uma
habilidade formidável, dignas de uma mulher que já fez história.
*Texto de João Ygor Gomes, estudante de Direito da UFPE, membro do grupo Contestação.
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