sexta-feira, 1 de junho de 2012

REUNI, UFPE e os motores da universidade brasileira



A juventude brasileira deve ter muito, muito orgulho de ter visto o REUNI- Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades ser implantado. Tenho orgulho de ter defendido, apoiado e vencido, vi virar realidade. Às vezes, nos colocamos num mudo cheio de histórias e informações contraditórias quando se fala em REUNI. Uns falam que ele veio de goela a baixo, já outros falam que dele não veio nenhuma qualidade para o ensino superior brasileiro, veio apenas quantidade.
Por concepção, de cara o REUNI se propôs a entrar na história. A universidade brasileira tem sido por muitos anos a “cúpula” de informação da elite, sendo encabeçada pelas escolas particulares e pelos cursinhos. Tudo garantia a continuidade de um ensino superior elitista. Ampliar as vagas, expandir a outros lugares, era e ainda é um desafio para as universidades. Ser contra o REUNI é ser contra a expansão e maior popularização da educação superior pública.
Na UFPE, o programa ampliou em 40% o número de vagas. A mesma conseguiu se estender para o interior, Caruaru e Vitória.
Lembro que na época alguns setores estudantis eram (e ainda são) veementes nos ataques ao REUNI. Diziam que o REUNI não traria qualidade. Deviam não saber que quando o REUNI foi colocado em prática, aumentou-se o orçamento da universidade para conseguir expandir-se com qualidade. Veja o caso da UFPE: O REUNI foi tão importante na administração da universidade que criou-se um departamento numa das pró-reitorias para organizar os recursos. Daí, vieram mais livros nas bibliotecas, mais professores contratados, mais salas de aula (pra quem conhece, os Niates), mais laboratórios, mais dinheiro para a ProExt e para a Propesq, para maior investimento em pesquisa e extensão.


Niate - Núcleo Integrado para atividades de ensino, construído com orçamentos do REUNI, na UFPE

Eu vi o REUNI mudar a cara da minha universidade. Vi transformar-se num canteiro de obras, justo como eu sonhava na minha infância: “Puxa, eu queria que essa qualidade que tem a UFPE fosse a mais gente. A UFPE tinha que projetar pra ser grande, pra atingir muita gente”. Nunca tinha se visto no Brasil algum governo ter promovido tantas mudanças no ensino superior.
Daí, criaram-se problemas para a UFPE. Sim, é bom que se criem. Problemas de gente grande. O REUNI chega a me lembrar minha adolescência. Explico. Passei, em pouco tempo, de uma criança, que vivia de pequenos orçamentos e não precisava de grandes esforços para viver. Saía pouco do meu caminho de casa para a escola. Mas pra um adolescente, meio adulto, isso já não basta. Vira necessidade sair mais, ler mais, entender o mundo. Os caminhos começam a ser pouco perto de casa, um adolescente tem outras inspirações. Arrumei até uma namorada em outra cidade. Vieram junto então mais problemas, mais responsabilidades, até uma necessidade de vender chocolate no colégio pra ganhar um trocado e ver a namorada no interior. Quem me conhece bem sabe essa história de cor, gostosa de lembrar.
O REUNI criou para a UFPE um monte de estudantes sem assistência estudantil, sem professor, sem sala de aula, sem laboratório. Foi preciso colocar a máquina pública pra funcionar, pra construir tudo com qualidade, pra crescer a universidade. E ainda é preciso hoje. Ainda são diversos os prédios a terminar e os que precisam iniciar. Aí é onde tá o problema.
O problema da gestão pública tem que ser enfrentado de frente. É preciso dar mais seriedade e agilidade ao serviço público, precisa ser levado a sério, ser fortalecido. O serviço público é a saída para atender o nosso povo de maneira mais justa, mais igual, sem precisar depender de um serviço privado pra isso. Na UFPE, a gestão precisa ser colocar de maneira mais firme, de modo a enfrentar os desafios gerados pelo REUNI e pela próxima expansão da universidade, que tem que vir. É preciso garantir não apenas o acesso ao ensino superior. Falar de permanência, desde condições e espaço pra todo mundo, até falar em mais assistência estudantil, mais bolsas, mais casas do estudante, mais Restaurantes Universitários, mais creches.
A UFPE precisa enfrentar seus problemas gerados pela nova fase que vive. Problemas bons de resolver, pois crescer é bom. É como um adolescente que tem agora novo porte, novos horizontes e novos desafios. E aquele REUNI foi o motor de tudo isso, e não dá pra ser contra um motor tão importante para o ensino superior público, que tem em sua busca ser público, gratuito e de qualidade.

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