A juventude brasileira deve ter muito, muito orgulho de ter
visto o REUNI- Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades ser implantado.
Tenho orgulho de ter defendido, apoiado e vencido, vi virar realidade. Às vezes,
nos colocamos num mudo cheio de histórias e informações contraditórias quando
se fala em REUNI. Uns falam que ele veio de goela a baixo, já outros falam que
dele não veio nenhuma qualidade para o ensino superior brasileiro, veio apenas
quantidade.
Por concepção, de cara o REUNI se propôs a entrar na
história. A universidade brasileira tem sido por muitos anos a “cúpula” de
informação da elite, sendo encabeçada pelas escolas particulares e pelos
cursinhos. Tudo garantia a continuidade de um ensino superior elitista. Ampliar
as vagas, expandir a outros lugares, era e ainda é um desafio para as
universidades. Ser contra o REUNI é ser contra a expansão e maior popularização
da educação superior pública.
Na UFPE, o programa ampliou em 40% o número de vagas. A
mesma conseguiu se estender para o interior, Caruaru e Vitória.
Lembro que na época alguns setores estudantis eram (e ainda
são) veementes nos ataques ao REUNI. Diziam que o REUNI não traria qualidade.
Deviam não saber que quando o REUNI foi colocado em prática, aumentou-se o
orçamento da universidade para conseguir expandir-se com qualidade. Veja o caso
da UFPE: O REUNI foi tão importante na administração da universidade que
criou-se um departamento numa das pró-reitorias para organizar os recursos. Daí,
vieram mais livros nas bibliotecas, mais professores contratados, mais salas de
aula (pra quem conhece, os Niates), mais laboratórios, mais dinheiro para a
ProExt e para a Propesq, para maior investimento em pesquisa e extensão.
Niate - Núcleo Integrado para atividades de ensino, construído com orçamentos do REUNI, na UFPE
Eu vi o REUNI mudar a cara da minha universidade. Vi
transformar-se num canteiro de obras, justo como eu sonhava na minha infância: “Puxa,
eu queria que essa qualidade que tem a UFPE fosse a mais gente. A UFPE tinha
que projetar pra ser grande, pra atingir muita gente”. Nunca tinha se visto no
Brasil algum governo ter promovido tantas mudanças no ensino superior.
Daí, criaram-se problemas para a UFPE. Sim, é bom que se
criem. Problemas de gente grande. O REUNI chega a me lembrar minha
adolescência. Explico. Passei, em pouco tempo, de uma criança, que vivia de
pequenos orçamentos e não precisava de grandes esforços para viver. Saía pouco
do meu caminho de casa para a escola. Mas pra um adolescente, meio adulto, isso
já não basta. Vira necessidade sair mais, ler mais, entender o mundo. Os
caminhos começam a ser pouco perto de casa, um adolescente tem outras
inspirações. Arrumei até uma namorada em outra cidade. Vieram junto então mais
problemas, mais responsabilidades, até uma necessidade de vender chocolate no
colégio pra ganhar um trocado e ver a namorada no interior. Quem me conhece bem
sabe essa história de cor, gostosa de lembrar.
O REUNI criou para a UFPE um monte de estudantes sem
assistência estudantil, sem professor, sem sala de aula, sem laboratório. Foi
preciso colocar a máquina pública pra funcionar, pra construir tudo com
qualidade, pra crescer a universidade. E ainda é preciso hoje. Ainda são
diversos os prédios a terminar e os que precisam iniciar. Aí é onde tá o
problema.
O problema da gestão pública tem que ser enfrentado de
frente. É preciso dar mais seriedade e agilidade ao serviço público, precisa
ser levado a sério, ser fortalecido. O serviço público é a saída para atender o
nosso povo de maneira mais justa, mais igual, sem precisar depender de um
serviço privado pra isso. Na UFPE, a gestão precisa ser colocar de maneira mais
firme, de modo a enfrentar os desafios gerados pelo REUNI e pela próxima
expansão da universidade, que tem que vir. É preciso garantir não apenas o
acesso ao ensino superior. Falar de permanência, desde condições e espaço pra
todo mundo, até falar em mais assistência estudantil, mais bolsas, mais casas
do estudante, mais Restaurantes Universitários, mais creches.
A UFPE precisa enfrentar seus problemas gerados pela nova
fase que vive. Problemas bons de resolver, pois crescer é bom. É como um adolescente
que tem agora novo porte, novos horizontes e novos desafios. E aquele REUNI foi
o motor de tudo isso, e não dá pra ser contra um motor tão importante para o
ensino superior público, que tem em sua busca ser público, gratuito e de
qualidade.
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