Desses tantos debates que surgem na sociedade brasileira, um
deles está aflorado em especial por esses tempos. As eleições municipais
invadem as comunidades e as conversas sociais em todas as cidades, colocando em
xeque posturas, projetos e principalmente a formatação dos poderes executivo e
legislativo nos municípios.
O que é normal agora é estar escancarada a nossa democracia.
As eleições municipais são a grande égide da luta institucional brasileira,
nela está refletida a nossa democracia infanto-juvenil – de apenas 27 anos – e
o quanto ainda consegue ser falha. O personalismo enraizado nas nossas eleições
e a concentração econômica eleitoral são os grandes gargalos nos tempos de hoje
para colocar o povo no poder - numa democracia política completa. É preciso
dizer também que para o nosso país não pode bastar ter democracia política, é
necessário conquista-la completamente, na comunicação, na distribuição de
terras e de riquezas, na completa emancipação de gênero e na liberdade social.
Ora, são desafios complexos e profundos, que exigem luta social concreta. Pra
enfrenta-los cara a cara, o momento mais importante é agora, na crista da onda
da luta institucional.
Preocupar-se com as eleições brasileiras e em como avança-las
necessita engajamento popular. Então, de pronto, não acredite na grande mídia
nacional, que prega que devemos nos afastar de tudo isso. Por tantos motivos,
nossa política em muitos casos é personalista e coronelista, elitista e
chegando ao absurdo de ser corrupta. E não adianta negar a política por isso. É
necessária uma grande reforma política brasileira, para avançarmos em diversos
pontos, abrangendo assim desde o valoroso combate à corrupção até a melhor
distribuição de cargos eleitorais. O voto deve combater esse tal grande
personalismo, colocando-se em lista, valorizando os projetos de quem se propõe
a ocupar os cargos representativos. Chega de voto por vereador “conhecido do
vizinho”, o voto deve se preocupar com o projeto representado pelos partidos. O
financiamento público de campanha reitera a luta contra a elitização e a
monopolização de grandes famílias nos cargos públicos. Hoje, ganha a eleição
quem tem mais dinheiro gasto em materiais de campanha, isso quando não se fala
dos inúmeros casos de compras de voto.
É necessário inclusão da mulher no poder político
brasileiro. Combatendo-se ideologicamente a ideia de maior competência dos
homens para cargos públicos, estimulando entre as mulheres o debate político
qualificado, em pé de igualdade como deve ser. As mulheres são 51% da massa
eleitoral brasileira, e devem ter mais protagonismo nos cargos representativos.
É um completo erro o nosso povo brasileiro pensar que votar nulo é a melhor opção, ou que não deve “se meter com política”. É justamente o contrário. Não adianta você falar que todo político não presta, não adianta negar a política. Interfira, opine, mexa. O político ideal talvez esteja dentro de você. Faça da política a sua arma para mudar o país. E a reforma política, caros amigos, é a maior pauta de quem acha que não é assim que deve ser exercida a democracia no nosso país.
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